COLÔNIA DE FÉRIAS DO SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DE FIAÇÃO E TECELAGEM DE SÃO PAULO
Praia Grande
Autor: João Batista Vilanova Artigas
Vista da fachada principal (2019). Fotografia de: Apoena Amaral
Vista fachada principal (2019). Fotografia de: Anita Piffer.
Vista interna – pátio central coberto e detalhe pilar (2019). Fotografia de: Apoena Amaral.
Vista da fachada principal (2019). Fotografia de: Apoena Amaral
Imagens da obra
Planta do Térreo. Redesenhos dos autores da ficha (a partir do projeto original)
Planta do 1º pavimento. Redesenhos dos autores da ficha (a partir do projeto original)
Corte longitudinal. Redesenhos dos autores da ficha (a partir do projeto original)
Planta do Térreo. Redesenhos dos autores da ficha (a partir do projeto original)
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Colônia de Férias do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de São Paulo.
Data do projeto/ inauguração: 1969 / 1970.
Localização: Avenida dos Sindicatos, 946 – Vila Mirim, Praia Grande-SP.
Autor do projeto: Arq. João Batista Vilanova Artigas.
Tamanho do lote e área construída: 5.280 m² / 4.540 m².
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
FERRAZ, M. et al. (Orgs.). Vilanova Artigas. São Paulo: Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, 1997.
SOBRE A OBRA
A Colônia de Férias do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de São Paulo, também conhecido como Colônia de Férias dos Têxteis, está localizada em Praia Grande, litoral sul do Estado de São Paulo, e faz parte de um conjunto de 4 colônias de férias projetadas pelo arquiteto entre os anos de 1969 e 1979. O edifício projetado como um equipamento de lazer para os operários mantém o uso original, sendo os principais programas: 42 apartamentos “duplex”, salão de jogos, cantina, restaurante e áreas de apoio, piscina, quadra de esporte e vestiários.
O projeto para a Colônia de Férias dos Têxteis guarda algumas semelhanças em relação ao partido do projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), provavelmente pela proximidade temporal entre a finalização deste último com o início da Colônia de Férias concluída no ano de 1970.
Apesar disso, sua organização espacial tem identidade própria com alguns dos programas divididos entre dois corpos, o de convívio envidraçado, paralelo ao acesso principal e o bloco posterior, com os apartamentos, mais opaco. O vazio central, coberto com um sistema de claraboias intercaladas pelas vigas, organiza o espaço e traz leve semelhança com o “Salão Caramelo” da FAUUSP e sua vocação de espaço de encontro, adjetivado pela potência espacial da escala dos seus quase 10 metros de pé-direito.
A circulação principal se dá através de um conjunto de rampas, que se desenvolvem paralelas aos dois blocos e encaminham o usuário não só para cada um dos pavimentos, como também, permite a apreensão de todos os espaços comuns e suas particularidades espaciais.
Quanto à estrutura, existe uma aproximação mais direta entre os dois projetos mencionados, apesar dos vãos serem outros, no presente projeto, Artigas também propõe os pilares externos com vãos (18m) o dobro em relação aos vãos (9m) dos internos, e acomodam as descidas de águas pluviais como nos pilares internos da FAUUSP, mas desta vez, em pilares em “H”.
Uma presença marcante nesse projeto é o conjunto de apoios de forte expressão plástica, “consoles trapezoidais” (FERRAZ et. al., 1997, p.163) com pilares duplos, que apoiam os dois blocos no pavimento térreo e fazem de maneira muito discreta uma citação à obra do arquiteto Marcel Breuer
IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO
A obra da Colônia de Férias dos Têxteis é uma das poucas obras do arquiteto João Batista Vilanova Artigas na Baixada Santista, produção de destaque da “Escola Paulista” no litoral, teve poucas intervenções após a conclusão da obra, além de se encontrar em ótimo estado de conservação. Apesar de ser um exemplar digno de nota devido ao partido arquitetônico, suas particularidades estruturais e seu programa sui generis, provavelmente, devido à sua distante localização do núcleo santista e a proximidade temporal com outras obras de maior destaque, acarretaram em sua pouca divulgação nas publicações e pesquisas dedicadas à Vilanova Artigas.
SOBRE OS AUTORES
Nascido em 1915 em Curitiba-PR, João Batista Vilanova Artigas estudou engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), onde se formou em 1937 como engenheiro-arquiteto, após ter sido estagiário no escritório de Oswaldo Bratke. Como recém-formado abre a firma construtora Marone & Artigas Engenheiros, com Duílio Marone, colega da Poli, cuja sociedade produziu um grande número de obras em estilo eclético até 1944, com exceção de alguns projetos dos últimos anos, como a Residência Rio Branco Paranhos (1943), de influências formais de Frank Lloyd Wright. No ano seguinte, Artigas começa a trabalhar com o calculista Carlos Cascaldi, cuja parceria até 1960 produziu obras importantes, como: Edifício Louveira (1946), Estádio do Morumbi (1953), Ginásio de Itanhaém (1959), Ginásio de Guarulhos (1959) e Vestiário do São Paulo Futebol Clube (1960). Ainda dessa última parceria, a dupla Artigas e Cascaldi executou obras importantes no Paraná, sendo que a grande maioria foi na cidade de Londrina: Edifício da Sociedade Autolon (1958), Cinema Ouro Verde (1958), Casa da Criança (1950), Rodoviária de Londrina (1950) e Santa Casa de Londrina (1951).
Quanto à sua atuação para a regulamentação da profissão, podemos destacar sua participação na fundação do Departamento de São Paulo do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SP) em 1943.
Como professor, iniciou sua carreira docente na Escola Politécnica em 1940, e em 1948 participou da criação da FAUUSP, onde passou a lecionar. Afasta-se da prática do ensino após o golpe de 1964 e em 1969 devido ao AI-5, retornando após a anistia em 1979, quando leciona até 1985, ano de seu falecimento.
Autores da ficha: Apoena Amaral e Almeida; Anita Denari Piffer; Leticia Getirana dos Santos.
Data da ficha: Dezembro de 2019