ESCOLA ESTADUAL DE PRIMEIRO GRAU PHILOMENA CARDOSO DE OLIVEIRA
Guarujá
Autor: Mauricio Tuck Schneider
Fachada principal (c. 1965). Fonte: Acrópole (1965, p. 29)
Vista frontal (2017). Fonte: acervo grupo de pesquisa ArtArqBr
Andar superior (2017). Fonte: acervo Fonte: acervo grupo de pesquisa ArtArqBr.
Fachada principal (c. 1965). Fonte: Acrópole (1965, p. 29)
Imagens da obra
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Escola Estadual de Primeiro Grau Philomena Cardoso de Oliveira.
Data do projeto: 1962 / construção / inauguração: 1965
Localização: Av. Guilherme Backeuser, 250, Sítio Paecara, Guarujá-SP.
Autor do projeto: Mauricio Tuck Schneider
Intervenções posteriores: Em termos espaciais houve a construção de novas salas no piso inferior prejudicando, sobretudo, a fluidez espacial, e o acesso pelo pátio, além disso, a escola foi gradeada e uma mureta com grades foi implantada no acesso principal, prejudicando a relação da edificação e seu franqueamento em relação ao lote e à cidade. Entretanto, as qualidades iniciais do projeto são muito potentes, o que permite que a concepção espacial ainda seja reconhecida. Além disso, o concreto aparente da escola foi pintado em vários planos.
Tamanho do lote e área construída: 4.185 m2 / 1.350 m2
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
BUZZAR, M. A. Relatório final FAPESP Difusão da Arquitetura Moderna no Brasil – O patrimônio arquitetônico criado pelo Plano de Ação do Governo Carvalho Pinto (1959-1963). Relatório final FAPESP, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015.
ACRÓPOLE. Grupo escolar no Guarujá. Acrópole, São Paulo, Ano 27, n. 318, p. 28-30, jun. 1965
SOBRE A OBRA
O edifício escolar é composto por um único bloco retangular de dois pavimentos, situado em uma praça e com o térreo parcialmente livre. No térreo estão alocados o programa administrativo do equipamento escolar, o pátio coberto, um palco, sanitários, salas para atendimento médico e odontológico e duas salas de aula para ensino primário. Em função do térreo livre, não há um acesso tradicional ao interior do edifício e há fluidez e continuidade entre os ambientes internos e externos.
No segundo pavimento estão distribuídas as demais salas de aula, nos dois lados do bloco retangular, os sanitários, a biblioteca e a sala dos professores. A disposição do programa escolar no segundo pavimento se assemelha a um mezanino, a circulação se dá por meio de passarelas e entre estas, existem quatro vãos que permitem ao observador observar os espaços de permanência do térreo, o pátio coberto e o palco, ou seja, a fluidez do olhar é construída e possibilitada através de vários ângulos e pontos. Os espaços de permanência favorecem o convívio entre os alunos das diferentes salas de aula e também entre seus familiares e a comunidade em atividades realizadas fora do horário letivo. Concepções que promoviam o convívio e a sociabilidade estão fortemente presentes em diversos projetos desenvolvidos naquele período como fruto das concepções modernas que encontraram no Plano de Ação do Governo Estadual (PAGE), de 1959 a 1963, sob a gestão do governador Carvalho Pinto, um fértil terreno de desenvolvimento.
A circulação vertical e o espaço de circulação do piso superior são iluminados por janelas em tiras verticais e no programa administrativo alocado no térreo, a iluminação natural se dá por janelas em fitas horizontais. As salas de aula possuem amplas aberturas protegidas por brises soleil em suas paredes externas, que controlam a incidência solar no interior do edifício, e aberturas em tira na parte superior das paredes internas paralelas, o que favorece a ventilação cruzada e natural no interior do edifício.
Há forte preocupação com a definição da forma a partir da solução estrutural do edifício. A grande caixa de concreto aparente, nesse projeto ganha uma expressão muito particular a partir da sua sustentação por pilares que liberam grande parte do térreo. Os pilares modulares se assemelham com trapézios isósceles, de dimensões maiores nas seções próximas à laje do piso superior que se estreitam até chegar às suas bases, atribuindo leveza ao edifício, reforçando nas suas elevações o contraste entre a “peso” da caixa de concreto e sua “soltura” em relação ao solo.
No térreo, o programa administrativo escolar possui elementos vazados na parte superior de suas paredes externas, elemento da arquitetura moderna que também esteve fortemente presente em diversos projetos realizados durante o Plano de Ação.
IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO
Quer pela solução do volume único de concreto aparente, quer pela centralidade espacial que o térreo livre, pensado como pátio possui, tanto de circulação, como de encontros, ainda que pouco reconhecida, a obra inscreve-se e desenvolve de forma significativa as concepções da chamada Escola Paulista. A concepção desenvolvida por essa escola articulando a forma arquitetônica como derivada e associada a elaboração estrutural, possibilitando permeabilidades e continuidades entre os espaços externos e internos e entre os vários ambientes internos, ganhou nessa obra um desenvolvimento particular que contribuiu duplamente para a sua consolidação (Escola Paulista) e para difusão da arquitetura moderna no Estado de São Paulo.
SOBRE OS AUTORES
Mauricio Tuck Schneider se formou em arquitetura pela Faculdade Mackenzie em 1956.
Junto aos arquitetos Carlos Millan e Jorge Wilheim, elaborou o projeto que foi vencedor do Concurso Jockey Clube de São Paulo, para sua sede no Largo do Ouvidor em 1959.
Além do projeto no Guarujá da EEPG Philomena Cardoso de Oliveira, projetou mais duas escolas durante o Plano de Ação do Governo Estadual (PAGE), de 1959 a 1963: o Grupo Escolar de Taquarituba e o Grupo Escolar do Engenheiro Coelho, EEPG Antonio Alves Cavalheiro, em Arthur Nogueira.
Tuck Schneider também projetou o Edifício Albar, finalizado em 1964, junto com o arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva, publicado na revista Acrópole número 310, em 1964. Esta parceria resultou na construção de um segundo projeto, o Edifício Tamar, edifício residencial à Rua Piauí, finalizado também em 1964 em Higienópolis, foi publicado na revista Acrópole número 340, em 1965.
Schneider foi sócio do IAB/SP desde 1957 e participou de três gestões do IAB-SP de 1964 a 1969, como parte da Diretoria do IAB/SP de 1964 a 1965, como suplente do Conselho Superior de 1966 a 1967 como 1º Secretário na gestão de 1968 a 1969. Conforme Amanda Saba Ruggiero (2015) em artigo para a Revista Risco, Schneider foi premiado pelo IAB/SP em dois projetos realizados em parceria com Jorge Caron: o edifício para escritórios (atual Hotel DAN) e a Sinagoga à Rua Newton Prado, esta última publicada na revista Acrópole número 346, em 1967. Faleceu em dezembro de 2014, segundo nota publicada pela diretoria do IAB São Paulo.
Autores da ficha: Miguel Antonio Buzzar, Caroline Niitsu de Lima, Jasmine Luiza S. Silva, Miranda Zamberlan Nedel, Rachel Bergantin, Aline Vilarinho Brandão Lira, Angélica Irene da Costa, Camila Venanzi, Dora Benedini, Naiane M. (Grupo de pesquisa “ArtArqBr – Arte e Arquitetura, Brasil” do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo IAU-USP).
Data da ficha: Fevereiro de 2020