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CECAP - MARIA IZABEL

Marília

Autor: João Batista Vilanova Artigas

Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA


Nome da obra: CECAP – Maria Izabel

Data da construção: 1978

Localização: Marília, Rua Antônio Abdo, 80.

Tamanho do lote e área construída: AL: 1300 m2

Autor: João Batista Vilanova Artigas



INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS


RAMOS, Alfredo Z. N. Os primórdios da arquitetura modernista em Marília-SP. Dissertaçao de mestrado. Bauru: FAAC-UNESP, 2017.

Anais do 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação. Anais...Belo Horizonte(MG) UFMG, 2018

LARA, Paulo Correa de. Marília, sua terra, sua gente. s/l.:Editora Iguatemy Comunicaçoes LTDA, 1991.

______________. Marília, marcos e monumentos. Marília: Câmara Municipal, 1998.

AUGUSTO, Wilton F. C., O Conjunto Habitacional CECAP Maria Izabel Marília: Uma análise comparativa com os CECAPS Guarulhos e Jundiaí. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2014.

SOBRE A OBRA


A construção do conjunto CECAP – Maria Izabel em Marília se deu na década de 70 a partir da expansão de projetos de habitação social no estado de São Paulo, iniciado pelo projeto “matriz” em Guarulhos, o Conjunto Habitacional de Cumbica, do então governo de Roberto de Abreu Sodré.

Para entendermos a construção destes edifícios e sua importância histórica arquitetônica no conjunto da cidade, também temos que compreender o surgimento deste empreendimento.

As edificações para habitação popular surgiram com a nomeação dos arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado, em 1967, para fazerem parte do Departamento de Obras Públicas (DOP) da Caixa Estadual de Casas para o Povo, o CECAP, então coordenada por José Magalhães de Almeida Prado, o “Zezinho” Magalhães.

Vilanova Artigas deu início ao primeiro projeto auxiliado pelos outros arquitetos nomeados do DOP, onde claramente influenciados por razões sociais e políticas da época, se utilizam dos ideais modernistas de Le Corbusier e dos CIAMs para compor seu partido arquitetônico. A primeira experiência nesse sentido ocorreu em Guarulhos em um conjunto com previsão de abrigar 55 mil trabalhadores. Os apartamentos de planta livre em lâminas foram interligados por caixas externas de escadas e um planejamento urbano modernista. (CUNHA, 2009)

Todos os edifícios estão sustentados por pilotis, liberando o solo, típicos da arquitetura moderna, três pavimentos e 10 apartamentos por andar. Sem corredores os apartamentos possuem aberturas com janelas de correr em ambas as faces do pavimento. Abaixo das janelas, o volume de concreto que se projeta externamente se transforma internamente em “nichos” que serão espaços úteis para armários e prateleiras.

Além de todas as características projetuais em planta para valorização do desenho arquitetônico moderno, Artigas também se utiliza do princípio da pré-fabricação de concreto para montagem das estruturas, algo bastante novo mesmo para a arquitetura moderna brasileira afeita a obras bastante artesanais. Essa indicação é bastante compatível com o processo fabril industrializado, sistema que está na base das primeiras propostas modernistas devido a rápida execução e a capacidade de atender a construção de habitações para um grande contingente de pessoas (moradores) de forma mais clara e direta. Processo este que o arquiteto encontrou dificuldades de implementar totalmente para formar a estrutura fabril adequada para a ideia, como relata Cunha (2009).

Com a concretização deste projeto e o sucesso de sua realização, os arquitetos buscaram pelo interior de São Paulo, juntamente com apoio de prefeituras, novas áreas de implementação das habitações sociais. A execução utilizaria os mesmos princípios iniciais, adequando em sua quantidade e escala no terreno a ser implantado. Em 1972 surge o segundo projeto, em Americana com uma demanda de dois mil moradores, em sua maioria as especificações e características são mantidas, mas algumas mudanças foram feitas. A utilização de rampas ao invés de escadas de interligação entre os blocos é adotada pela primeira vez e será repetida no projeto seguinte na cidade de Jundiaí, e que posteriormente servirá de base para o CECAP – Marília. (RUPRECHT , 2003 apud Cunha,2009)

Foi entre os anos de 1976 e 1978, seguindo os modelos anteriores que o CECAP Marília, foi implantado no bairro Jardim Maria Izabel em um terreno de aproximadamente 1300 m², no formato triangular. Com uma escala um pouco menor que os projetos anteriores, mantiveram várias características comuns e outros particulares, onde Augusto (2014) retrata e compara suas relações principais, principalmente com os projetos de Guarulhos e Jundiaí. Além dessas comparações o autor aponta sua originalidade, mostrando que o CECAP Marília não é meramente cópia dos projetos anteriores:

A cidade de Marília na década de 1970 possuía um déficit habitacional expressivo e o processo de escolha para implantação deste CECAP se deu por iniciativa do governo do estado. A escolha do local foi feita pelo então prefeito Theobaldo de Oliveira Lyrio, em uma região praticamente desabitada e com grandes áreas públicas e alguns barracões industriais.

Inserido em um local da cidade praticamente isolado, como dito anteriormente, havia um bairro próximo em formação, o Maria Izabel, a princípio popular, que posteriormente se ampliou até a quadra do conjunto CECAP. Este cenário urbano se mostrava propício para a escolha do complexo de apartamentos, que apesar da distância da malha urbana contava com infraestrutura no seu entorno, mas onde ao longo do tempo o cenário se torna diferente.

O crescimento urbano nos bairros Maria Izabel e Tangará acabou englobando a quadra do conjunto habitacional e a valorização imobiliária destes bairros foi considerável, o que os transformaram em áreas de classe média alta e curiosamente esta habitação popular se tornou um grande investimento imobiliário.

O que deve se observar nesta obra, é o contexto social aplicado, devido ao déficit habitacional da época e difundido pelo arquiteto Artigas, os elementos racionalizados de pré-fabricação e modulação estrutural, por exemplo.

Alguns elementos projetuais evidenciam a preocupação social da arquitetura de Vilanova Artigas: como a implantação aberta (e no caso de Marília até hoje não murada), as entradas dos apartamentos voltadas diretamente a área de circulação e acesso (rampas) e as áreas de encontro e convivência no térreo, bem espaçadas entre os blocos.

São diferenciações modernistas, típicas da arquitetura de Artigas, que fazia uma reflexão crítica da ideologia da arquitetura moderna, no que seria posteriormente denominada Escola Paulista. O que faz desta obra talvez um caso à parte das duas anteriores, tanto pela sua inserção urbana como devido a seus elementos modernistas aplicados.

O CECAP Maria Izabel inserido em outro período da história, evidencia como as preocupações e críticas ao estilo modernista foram surgindo, assim como sua diferente aplicação tipológica neste caso, um projeto de habitação popular.




SOBRE O AUTOR


Arquiteto nascido na cidade de Curitiba em 1915, João Batista Vilanova Artigas, formou-se arquiteto na Escola Politécnica da USP em 1937 e é responsável por um invejável currículo e possui uma enorme importância para a formação da arquitura moderna brasileira.

Dentre as suas obras mais conhecidas e premiadas estão o edifício da Faculdade de Arqutietura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, o estádio de futebol do Morumbi, clubes, sindicatos, várias e residências e o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhaes Prado em Guarulhos.

Este último projeto, ícone da habitação popular foi o pioneiro entre os conjuntos CECAP. Com o uso da racionalidade construtiva e utilização dos espaços de comuns de convívio, inspirado em suas convicções sociais e humanitárias. Este projeto serviu como base para outras implantações, como os CECAPs Americana, Jundiaí e o de Marília, apontado aqui


Autores da pesquisa e texto sobre a obra: Alfredo Zaia Nogueira Ramos; Nilson Ghirardello

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