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EDIFÍCIO ESTHER

São Paulo

Autores: Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho 

Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA


Nome da obra: Edifício Esther

Data do projeto: 1934 / construção / inauguração: 1936-1938

Localização: Avenida Ipiranga, esquina com a Rua 7 de Abril, São Paulo-SP.

Autores do projeto: Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho

Intervenções posteriores: Na fachada foram retirados os vitrolites pretos, gradis foram instalados nos acessos da Avenida Ipiranga e nas Ruas 7 de Abril e Basílio da Gama. Internamente, alguns elementos decorativos originais foram substituídos, vidros jateados com a figura símbolos da Usina Esther foram substituídos. Ocorreram acréscimos de áreas como no terraço e o fechamento do pé-direito duplo de um duplex.

Tamanho do lote e área construída: 750,00 m² / 8.000,00 m²

Tombamento: CONDEPHAAT - Resolução 25 de 24/08/1990, inscrição nº 294, p.74, 19/09/1990. CONPRESP - Resolução nº 31/92 de 27/11/1992.




INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS


ATIQUE, Fernando. Memória moderna: A trajetória do Edifício Esther. São Paulo: Fapesp, RiMa, 2004.

BEVINS, Vicent. Fotografias do edifício Esther. 2012. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Edificio_Esther,_with_Edificio_S%C3%A3o_Tomas_and_Edificio_It%C3%A1lia.jpg. Acesso em jul. 2024.

BRAZIL, V.; MARINHO, A. Edifício Esther. Revista Acrópole. São Paulo, nº 1, maio, 1938. Disponível em: < http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/1>. Acesso em jul. 2024.

DAHER, L. C. O Edifício Esther e a estética do modernismo. Revista Projeto, nº31, p.55-63, jul. 1981.

DREBES, Fernanda Jung. O edifício de apartamentos e a arquitetura moderna. Dissertação de Mestrado. Rio Grande do Sul: Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2004.

FIALHO, Roberto Novelli. Edifícios de escritórios na cidade de São Paulo. Tese de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. 2007.

GOODWIN, Philip L. Brazil builds, architecture new and old, 1652-1942. New York: MoMA, 1943.

RIBEIRO, Alessandro José Castroviejo. Edifícios modernos e o centro histórico de São Paulo: dificuldades de textura e forma. Tese de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. 2010.

XAVIER, Alberto; LEMOS, Carlos; CORONA, Eduardo. Arquitetura moderna paulistana. São Paulo: Editora Pini, 1983.

SOBRE A OBRA


Paulo de Almeida Nogueira foi o empresário responsável pela decisão da construção de um edifício que abrigaria a sede de sua empresa, a Usina Açucareira Esther, que também tinha o objetivo de lucrar com os alugueis de salas para escritórios ou consultórios, apartamentos residenciais e lojas comerciais. Esse pensamento de criar um prédio que manteria os negócios de sua empresa sem gastos extras e estar inserido em um circuito de verticalização de São Paulo que ocorria nos anos de 1930 fez o empresário realizar um concurso privado para um projeto de um edifício de uso misto no centro da cidade de São Paulo próximo à Praça da República.

Desta maneira nos anos de 1932 a 1934, Paulo Nogueira se encontrou com diversos profissionais da área da construção civil no eixo das cidades Rio de Janeiro e São Paulo. Não se sabe quem mais participou do concurso, visto que ele foi privado e poucos documentos restaram para se comprovar os nomes dos participantes, além de Vital Brazil e Adhemar Marinho, o arquiteto Oswaldo Arthur Brake realizou um anteprojeto para o concurso.

A proposta elaborada pelos arquitetos entre 1934 e 1935 foi elegida como vencedora do concurso e foi reformulada em 1936 quando as obras se iniciaram. Vital Brazil elaborou sozinho o projeto executivo do Edifício Esther completando-o com detalhes, dimensões especificas e sistema construtivo, quando se mudou do Rio de Janeiro para São Paulo. Essa mudança fez com que a sociedade entre ele e Marinho fosse desfeita. No projeto final se manteve as características do anteprojeto e realizou-se uma divisão no lote, criando a Rua Gabus Mendes e um novo edifício, o Arthur Nogueira.

O Edifício Esther possui os pressupostos dos cinco pontos de Le Corbusier, o prédio é implantado em um formato quase retangular, em um terreno de formato trapezoidal, apresenta o uso dos pilotis, liberando a planta e a fachada, com as janelas em fitas. Em seu último pavimento encontra-se um terraço jardim privativo, o solo não é liberado pelos pilotis, porém conta com uma grande liberdade de passagem para as duas ruas (7 de Abril e Basilio da Gama) e a avenida Ipiranga onde está localizado. Essas passagens são os acessos do prédio, com a Rua Gabus Mendes o projeto ficou circundado por ruas, permitindo uma melhor ventilação, iluminação e circulação. (figura 2).

Possuindo onze pavimentos, cinco elevadores e três colunas de escadas (figura 3), sendo duas nas laterais do prédio (fornecendo um semicírculo em sua forma) e uma central, o programa do projeto conta com sete tipologias de apartamentos distribuídos do 4º ao 11º pavimento. Nos 3º primeiros pavimentos o uso é destinado aos escritórios e aos consultórios, o térreo conta com áreas destinadas às lojas comerciais e área de manutenção do edifício. No subsolo concentra-se os estacionamentos e uma área para um restaurante, sendo que o estacionamento avança por debaixo da rua projetada, a Gabus Mendes.

As sete tipologias dos apartamentos foram distribuídas conforme a figura 4 de “A” a “G”, sendo apartamentos que vão desde estúdios, apartamentos com dois dormitórios, três dormitórios e até apartamento duplex (tipologia F). Encontra-se variações das dimensões dos dormitórios, por isso a existência da tipologia E e E’, em suma, os apartamentos vão de 34,75m² a 176,95m².




SOBRE OS AUTORES


Álvaro Vital Brazil (1909-1997) nasceu em São Paulo e mudou-se para Niterói com dez anos quando seu pai, o cientista Vital Brazil Mineiro da Campanha (fundador do Instituto Butantã) decidiu montar o Instituto Vital Brazil. Filho de Maria da Conceição Philipina de Magalhães Brazil, Álvaro em sua infância na capital paulista estudou desenho no próprio Instituo Butantã com Augusto Esteves, personagem importante pois viria a ser autor dos símbolos presentes no Edifício Esther. Por influência de seu pai, no mesmo ano que se graduou em Arquitetura também se formou em Engenharia pela Escola Politécnica, uma outra formação acadêmica onde possivelmente colaborou para seus projetos de caráter racional e funcional. Como inspiração maior, Le Corbusier foi o arquiteto que forneceu mais embasamento para a linha de pensamento de seus projetos

Adhemar Marinho da Cunha (1911-2000) nasceu no Rio de Janeiro, filho de Augusto Marinho da Cunha e Mathilde Marinho da Cunha, pouco se sabe sobre o arquiteto além de sua parceira com Vital Brazil na elaboração inicial do Edifício Esther, sabe-se que posteriormente a dissolução da sociedade, Marinho atuou em projetos solos publicados pela revista Acrópole e nos fins da década de 1940 possivelmente assumiu os negócios de seu sogro, deixando a Arquitetura ao seu esquecimento.

Os dois arquitetos se formaram juntos no curso de Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), ambos se formando em 1933. A sociedade entre os arquitetos foi de curta duração, de 1934 a 1936 e rendeu alguns projetos e anteprojetos com os preceitos do movimento moderno. Como projetos foram construídas as 74 casas geminadas no bairro carioca da Gamboa (1934-1935) para o cliente Arnaldo Gomes da Costa; e anteprojetos além do Edifício Esther, algumas residências e outros edifícios residências foram elaborados. Já Vital Brazil juntamente e apenas com Salvador Candia projetou dois blocos do Jardim Ana Rosa (1954-60).




IMPORTÂNCIA PARA O MOVIMENTO MODERNO


O edifício Esther é o primeiro prédio de grande porte na cidade de São Paulo em estrutura independente e com as lajes continuas, sendo assim formado de aspectos funcionais modernistas. Foi na função e na sua forma retilínea com chanfros e seguindo o formato do terreno que o projeto apresentou um custo econômico de construção. O edifício Esther contribuiu para o movimento moderno no Brasil sendo também local da sede do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Em seu subsolo nos anos de 1940 também funcionava o Clube dos Amigos da Arte, onde artistas como Portinari e Di Cavalcanti socializam com outros artistas e arquitetos. Todo esse cenário cultural em torno do edifício foi muito importante na época para a propagação dos ideais modernistas, que juntamente com o projeto do prédio em si, atualmente proporciona um valor histórico para a Arquitetura. O edifício Esther também teve sua importância por demonstrar a possibilidade da habitação vertical em São Paulo, sendo referência para outros prédios naquela mesma época.


Redação da ficha: Guilherme Gasques Rodrigues (Doutorando pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – IAU-USP)

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