EDIFÍCIO PRUDÊNCIA E CAPITALIZAÇÃO
Fachada principal. Foto: Bruna Gratão.
Vista do prédio pela Avenida Higienópolis. 2019. Foto: Deborah Iwai.
Fachada dos fundos – Janelas da área de serviço. 2019. Foto: Érica Vaz.
Fachada principal. Foto: Bruna Gratão.
Imagens da obra
Planta do pavimento térreo. Fonte: Noelly Pedrosa de Oliveira.
Planta do pavimento tipo. Fonte: Téo Dalla Pria Andersen.
Plantas de opções de layout dos espaços flexíveis. Fonte: Noelly Pedrosa de Oliveira.
Planta do pavimento térreo. Fonte: Noelly Pedrosa de Oliveira.
Imagens do projeto
FICHA TÉCNICA
Nome da obra: Edifício Prudência e Capitalização
Data da projeto/construção/inauguração: 1944 - 1948
Localização/perímetro: Av. Higienópolis, 235/265 - Higienópolis
Autor do projeto: Arq. Rino Levi e Roberto Cerqueira César
Intervenções posteriores: Reforma em 1980, executada por Rino Levi Arquitetos Associados
Tamanho do lote e área construída: 3.942 m² / 17.135 m²
Tombamento: órgãos e número dos processos / solicitante do tombamento: Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP). Resolução nº 09/94
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
ANELLI, R; GUERRA, A. Rino Levi. Arquitetura e Cidade. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2001.
BELLEZA, Gilberto. Roberto Cerqueira César (1917–2003). Arquitextos, São Paulo, ano 04, n. 038.07, Vitruvius, jul. 2003 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.038/671>.
CAPRIO, Antonio Amilton. Análise do desempenho técnico-construtivo de edifícios de apartamentos localizados no bairro de Higienópolis entre as décadas de 30 e 60 na cidade de São Paulo. 2007. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. doi:10.11606/D.16.2007.tde-19092007-104608. Acesso em: 2019-05-26.
GONSALES, Célia Helena Castro. Residência e cidade. Arquiteto Rino Levi. Arquitextos, São Paulo, ano 01, n. 008.14, Vitruvius, jan. 2001 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/01.008/939>.
SÃO PAULO (SP). SMC. Tombamento Edifício Prudência e Capitalização - Avenida Higienópolis, 235 / 265. São Paulo: CONPRESP, 1994. Processo nº 1994-0.011.917-8
VILLA, Simone Barbosa. Um breve olhar sobre os apartamentos de Rino Levi:. Produção imobiliária, inovação e a promoção modernista de edifícios coletivos verticalizados na cidade de São Paulo. Arquitextos, São Paulo, ano 10, n. 120.07, Vitruvius, jun. 2010 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.120/3437>.
VILLELA, Fábio Fernandes. Rino Levi: Hespéria nos trópicos. Arquitextos, São Paulo, ano 06, n. 061.04, Vitruvius, jun. 2005 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.061/452>.
ZUFFO. Élida Regina de Moraes. Pioneiros modernos: verticalização residencial em Higienópolis. Tese (Doutorado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Universidade Presbiteriana Mackenzie. 2009.
SOBRE A OBRA
O edifício Prudência e Capitalização, localizado na Avenida Higienópolis, obra de Rino Levi, foi projetado em 1944 e a construção foi finalizada em 1948. Tombado pelo CONPRESP desde 1994, o prédio residencial de alto padrão está implantado em um terreno amplo, possibilitando uma forma em U, com janelas para a avenida em todas as unidades. Cada andar é constituído por 4 apartamentos, agrupados dois a dois pela circulação vertical. No total são 36 unidades-padrão com áreas de 315 a 350m², com quatro dormitórios e grandes salas, com exceção da cobertura, onde há apenas dois apartamentos.
O edifício possui jardins projetadas por Burle Marx no térreo e na cobertura. O jardim de fundo tem vista privilegiada e organiza o programa do térreo a partir do grande hall. Já o jardim da avenida Higienópolis, se encontra no mesmo nível da calçada. Existe uma suave diferença de cotas nível, sendo o acesso de pedestres e automóveis feito através rampas que conduzem ao grande hall.
Segundo Caprio (2007), o pavimento térreo passou a ter uma configuração plana com um desnível junto ao grande hall, resultando em um plano elevado em relação à rua. O térreo é composto por pilares retangulares, revestidos por pastilhas na cor marrom, caixilharia com forma curvas encerrando o hall dos dois blocos, e painéis de Burle Marx.
A grelha estrutural e as varandas contínuas nas fachadas foram pensadas para permitir a reorganização espacial, através de remanejamento de divisórias no interior do apartamento. O partido permitia que apenas o setor de serviço fosse constituído por alvenarias, já os setores servidos possuiriam armários e vedações de fácil mobilidade para dividir o espaço. Nesse momento, a rigidez da malha ortogonal na fachada some, já que os espaços são flexíveis.
Segundo Villa (2010), essa atitude projetual é frequente nas obras de Rino Levi, porém, quase todos os proprietários do apartamento recusaram essa proposta, construindo alvenarias nos eixos da modulação.
A fachada Nordeste, voltada para Avenida Higienópolis, possui aplicação de pastilhas cerâmicas e caixilharia de grandes dimensões, composta por esquadrias próprias para diversos ambientes como sala de jantar, estar e dormitórios. Uma fachada marcada pela horizontalidade das lajes e guarda corpos.
Nas fachadas Noroeste e Sudoeste, a solução adotada foi o uso pastilhas cerâmicas de cor amarela e esquadrias para os dormitórios e gradil de proteção nos terraços, pintados de amarelo e marcando a fachada horizontalmente.
A fachada dos fundos é composta por janelas correspondentes aos setores de serviços, composto por pilares retangulares de cor marrom escuro, assim como visto no térreo no edifício, e aplicação de caixilharia tipo basculante, com vista para o jardim interno. Uma fachada marcada pela verticalidade, o oposto do que acontece na fachada principal.
Em 1980, o edifício foi reformado pelo próprio escritório de Rino Levi. Uma parte do jardim foi transformada em estacionamento e ganhou um hall central nos pilotis, unindo os dois núcleos.
SOBRE OS AUTORES
Rino Levi, arquiteto paulista, nasceu em 1901 e faleceu aos 63 anos, em uma viagem à Bahia. O arquiteto possui grande destaque na história da Arquitetura Moderna brasileira, e sua formação italiana possui significativa importância na sua carreira.
Em 1921, viajou para Milão, iniciando seus estudos na escola conjugando matérias técnicos-científicas e matérias artísticas e arquitetônicas oferecidas pela Academia de Belas artes de Breba. Em 1924, Rino Levi transferiu-se para a Escola Superior de Arquitetura de Roma, a qual tinha como objetivo a formação técnica e artística, assim formando profissionais que tinham competência de modernizar cidades sem comprometer seu patrimônio cultural.
Em 1925, escreve uma carta para o jornal O Estado de São Paulo, a qual é uma das primeiras manifestações por uma arquitetura moderna no Brasil.
Na volta para o Brasil, em 1926, inicia sua carreira na Companhia Construtora de Santos e logo em seguida inicia as atividades do seu escritório independente. Em 1933, ganhou o concurso para a sede do IAB-SP (Instituto dos Arquitetos do Brasil), sendo eleito diretor do IAB alguns anos depois, em 1955. Em 1941, Roberto Cerqueira César (1917-2003), somou à equipe de Rino Levi, tornando-se sócio alguns anos depois. Formado engenheiro arquiteto pela Universidade Politécnica da Universidade de São Paulo, foi professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e possuía significante participação na vida pública.
IMPORTÂNCIA PARA O MOVIMENTO MODERNO
A volumetria simples e ortogonal da edificação composta pelo uso de pilotis no térreo, fachadas livres sem marcação da malha estrutural rígida, o terraço jardim da cobertura, compartilhado entre os dois apartamentos, são fortes marcas do Movimento Moderno nessa edificação. O Edifício Prudência possui também a ousada intenção de planta livre para as unidades tipo, reduzindo a quantidade de alvenaria e utilizando dos próprios armários como divisores de ambientes, reafirmando a ideia da fachada livre, sem estrutura marcada, pois o interior não precisa seguir a malha estrutural.
Redação da ficha: Noelly Pedrosa de Oliveira e Téo Dalla Pria Andersen.