O CAU/SP realizou no último dia 10/12 o III e IV Encontros sobre Arquitetura e Patrimônio Paulista, no edifício Ramos de Azevedo (o local abriga hoje o Arquivo Histórico Municipal), na região central da cidade de São Paulo – em continuidade à série de discussões sobre a importância da preservação do patrimônio. Organizados pela Comissão Especial de Patrimônio Cultural do CAU/SP (CPC-CAU/SP), os eventos promoveram debates com especialistas sobre Patrimônio Moderno e Patrimônio Urbano e da Paisagem. Participaram do evento estudantes, profissionais e representantes de instituições de preservação e defesa do patrimônio histórico.Diretor do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, Luis Soares de Camargo destacou a importância da identificação e preservação do patrimônio moderno. “Nosso acervo é uma importante fonte para a recuperação e manutenção das informações sobre a história de São Paulo”, disse.Camargo salientou a luta para preservar a documentação e disponibilizar esses arquivos para o público. Por fim, lembrou que a instituição conta com coleções especiais, como os projetos do Parque do Ibirapuera, que estão disponíveis para a pesquisa e documentos desde o século XIX até próximo a década de 1940: “Meu sonho é trazer documentações de outros períodos”.
Promoção de ações e parcerias
Maria Rita Silveira de Paula Amoroso, coordenadora da CPC-CAU/SP, falou sobre a disseminação do conhecimento sobre patrimônio, da promoção de parcerias e das ações que podem ser feitas junto às instituições da área para possibilitar a preservação dos acervos.“Nesse trabalho é importante a busca dos espaços junto aos diretores que abriram as portas para nós e ocuparmos todos os ambientes possíveis para realizarmos, em parcerias, nosso compromisso com a Arquitetura”, concluiu.Fernando Guillermo Vazquez Ramos, coordenador do Grupo DOCOMOMO São Paulo, explicou como funciona o comitê internacionalmente e no núcleo São Paulo.“A Arquitetura moderna paulista e seus protagonistas permitem uma ampla variedade de abordagens, que estimulam o debate de interessados na preservação do patrimônio dessa Arquitetura tanto em âmbito acadêmico como no técnico-profissional”, afirmou o coordenador.Mais tarde, a arquiteta e urbanista Luciana Schenk, presidente da ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas), contou a experiência do Projeto da Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, escolhido pela Fundação Getty para o programa Keeping it Modern.O trabalho previu a elaboração de um plano de gestão apoiado em levantamento técnico e documental das condições de preservação da casa e jardim. Entre os processos, a equipe explorou o jardim levantando histórias, documentação, fotografia, depoimentos, entre outros procedimentos: “As narrativas foram sendo construídas e o trabalho passou a ser mais saboroso”, disse.
A defesa do patrimônio histórico
O tombamento de prédios históricos no Estado de São Paulo vem se aperfeiçoando ao longo do tempo. O arquiteto e urbanista do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), José Antonio Chinelato Zagato, explica que a ações de tombamento se concentravam nos gabinetes até o final da década de 1970: “A partir da década de 1980, a instituição passa por um processo de democratização, com aproximação e diálogo com a comunidade”.Raquel Shenkman, arquiteta e urbanista do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico) da Prefeitura de São Paulo, apresentou algumas das experiências de tombamento no município. Entre eles, o do núcleo histórico do bairro da Penha, na zona Leste da capital.“Partiu de um pedido da população da região a proteção da área”, explicou a arquiteta. A capital conta hoje com prédios e áreas tombadas nos bairros da Barra Funda, Freguesia do Ó, Liberdade, entre outros.
Originalmente publicado em 19/12/2019 Fonte: https://www.causp.gov.br/encontro-discute-identificacao-e-preservacao-do-patrimonio-moderno/
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