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RESIDÊNCIA BORIS FAUSTO

São Paulo - SP 

Autor: Sérgio Ferro

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Imagens da obra

Imagens do projeto

FICHA TÉCNICA

Nome da obra: Residência Boris Fausto.
Data do projeto/construção/inauguração: Projeto: 1961/ Construção: 1962/ Inauguração: 1964. 
Localização/perímetro: Rua Gaspar Moreira (esq. Rua Moura Brasil), Nº 309 – Butantã, São Paulo-SP.
Autor do projeto: Sérgio Ferro.
Intervenções posteriores: Construção do muro do lado de fora; Retirada das placas de cimento-amianto do banheiro externo para alvenaria; Construção de mais um banheiro.
Tamanho do lote e área construída: Tamanho do lote: 648 m²/ Área construída: 208 m².
Tombamento: tombamento Conpresp, Processo Nº 2011-0.057.190-2.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

ACROPOLE. Residência no Butantã. Acropole, São Paulo, Ano 27, n. 319, p. 34-35, jul. 1965. Disponível em: <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/319>. Acesso em: 21 jun. 2019.
ARCHDAILY. Sérgio Ferro: ensino, crítica e artes plásticas. Archidaily (online). Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/898895/sergio-ferro-ensino-critica-e-artes-plasticas. Acesso em: 21 jun. 2019.
ARQUITETURA BRUTALISTA. Residência Boris Fausto. Arquitetura Brutalista. Disponível em:
http://www.arquiteturabrutalista.com.br/fichas-tecnicas/DW%201961-59/1961-59-fichatecnica.htm. Acesso em: 21 jun. 2019.
BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1999.
CONPRESP. Resolução n. 04/CONPRESP/2012. Resolução de tombamento da Residência Boris Fausto pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/borisfausto_1334776139.pdf. Acesso em: 21 jun. 2019.
COSTA, A. I. Sérgio Ferro e o Ensino de Arquitetura: crítica e compromisso. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2008.
IPATRIMÔNIO. São Paulo, Casa de Boris Fausto. Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/?p=17494#!/map=38329&loc=-23.567157,-46.70971300000001,17. Acesso em: 21 jun. 2019.
KOURY, A. P. Grupo Arquitetura Nova: Flávio Império, Rodrigo Lefèvre e Sérgio Ferro. São Paulo: Edusp / Romano Guerra, 2003.
MORITA, C. A. M. Ação, objeto e espaço na obra de Sérgio Ferro e Hélio Oiticica. Dissertação (Mestrado em Teoria da História da Arquitetura e do Urbanismo) – Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2011.
XAVIER, A.; LEMOS, C.; CORONA, E. Arquitetura moderna paulistana. São Paulo: Pini, 1983.

SOBRE A OBRA

Caracterizada por um volume quadrado implantado no centro do lote, e cercada por um jardim delimitado por um muro. O volume é composto por uma grande cobertura em laje contínua, sustentada por quatro pilares centrais e vigas de um metro de altura para comportar seus grandes balanços de seis metros, que se estendem além do programa gerando ambientes externos cobertos. Como solução para a caída da água pluvial da laje foram utilizadas quatro gárgulas, executadas como prolongamento das vigas-calhas de concreto armado que fazem o contorno da cobertura.
O bloco interno composto por serviços e dormitórios/escritórios estão dispostos em quadrantes transversais permitindo que uma diagonal fique quase toda vazada. Os espaços servidos possuem poucos fechamentos, são os armários e os painéis pré-fabricados, todos com a mesma dimensão que auxiliam a separação dos ambientes. As vedações externas e as divisórias internas são componentes industrializados de madeira. 
O canteiro de obras dessa casa foi uma experimentação das possibilidades de industrialização da construção no Brasil. Os componentes pré-fabricados ensaiaram os princípios de manufatura heterogênea e as dificuldades encontradas no canteiro de obras serviram para a crítica ao projeto de desenvolvimento nacional brasileiro formulado em vários textos de Sérgio Ferro (1938). A intenção do arquiteto era colocar à prova a arquitetura moderna brasileira através das possibilidades de industrialização do canteiro de obras. O projeto moderno combinado com o sistema construtivo industrializado confere à moradia o aspecto de uma fábrica. A obra em certo sentido alinha-se com a arquitetura inglesa do segundo pós-guerra, identificada posteriormente, em 1966 como “Novo Brutalismo” por Reyner Banham (1922-1988). Muito embora seu autor não concorde com esse enquadramento, a simplicidade de acabamentos como o cimento sem tratamento e as instalações hidráulica e elétricas aparentes fazem parte de uma estética da austeridade que caracterizaria toda a obra de Sérgio Ferro e de seus companheiros no chamado Grupo Arquitetura Nova. Durante o processo de tombamento houve uma solicitação ao Conselho no dia 12 de janeiro de 2010, e uma Carta enviada ao CONPRESP pelo próprio Boris Fausto, pedindo um exame específico com objetivo de excluir o imóvel do mesmo. A oposição ao tombamento foi devido a utilização de amianto na construção, demonstrada também através da Carta que o próprio Sérgio Ferro escreve a pedido de Boris Fausto. O mesmo relata sua felicidade em saber sobre um possível tombamento, porém ressalta sua preocupação na presença de material de elemento de fibra-cimento industrial, que causam futuros problemas a saúde.


Alterações:
O arquiteto utilizou placas pré-fabricadas de cimento-amianto da Eternit na construção, porém teve dificuldades em sua execução. Devido a fabricação das peças não terem sido padronizadas, tiveram que ser consertadas o que levou o aumento significativo do custo da obra. Além de inconvenientes térmicos e sonoros, contém material de utilização proibido pelo órgão público. Posteriormente foi realizada uma obra no banheiro externo para que as placas de cimento-amianto fossem substituídas por tijolos. Também foi modificado o muro que de início era todo vazado e permitia à visibilidade, atualmente está fechado. E teve a inserção de um novo banheiro.

IMPORTÂNCIA DA OBRA PARA O MOVIMENTO MODERNO 

Com a modernização resultado da industrialização, percebe-se a necessidade de experimentar novos métodos de produção e técnicas. Como primeira tentativa de utilização de peças pré-moldadas industrialmente aplicadas em uma residência paulista, está a casa de Boris Fausto local em que é desenvolvido o estilo arquitetônico de Sérgio Ferro.

SOBRE OS AUTORES 

O arquiteto Sérgio Ferro nasceu em 25 de julho de 1938 em Curitiba, formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU-USP em 1961 e colou grau em janeiro de 1962, quando ingressou como docente na mesma instituição. Sua atuação como profissional foi marcada pela crítica à arquitetura moderna e a política nacional desenvolvimentista dos anos 50-60 no Brasil. Fez parte da resistência ao golpe empresarial-militar. Sua atuação mais importante foi no campo da teoria através da crítica ao canteiro de obras publicada em 1979 e da utilização de materiais e sistemas de baixo custo, que aliados à espacialidade moderna conferiram grande originalidade à sua arquitetura que desenvolveu como único autor e, posteriormente em parceria com o arquiteto Rodrigo Lefèvre (1938-1984). O processo de experimentação construtiva baseava-se na separação das etapas de trabalho, considerada por Ferro uma estratégia para não submeter e desvalorizar o trabalho do operário. A crítica ao canteiro de obras está relacionada diretamente ao papel do projeto no sistema reprodução capitalista. Sua utopia era que um trabalho individual livre e criativo resultaria em uma obra inovadora do ponto de vista do agenciamento das forças sociais incluídas em seu processo de produção. Sérgio Ferro foi aluno de Vilanovas Artigas, com quem polemizou por diversas vezes. Segundo depoimento do autor para Sergio Matera em 2005, seu conhecimento de projeto deveu-se sobretudo ao arquiteto Carlos Millan, e relata que em suas aulas na FAU-USP tinham o hábito de visitar os canteiros de obras onde estavam testando as práticas construtivas que caracterizam a arquitetura paulista dessa época. Participou da criação e atuou como docente em várias escolas de arquitetura que foram criadas em final dos anos sessenta.  Na Universidade de Santos implanta junto com Rodrigo Lefèvre sua proposta didática de levantamento de campo para os primeiros anos, a fim de que os alunos tivessem contato com a realidade social das favelas de Cubatão. A experiência foi interrompida logo no ano seguinte quando foi preso por razões políticas em dezembro de 1970.
Muda se para a França em 1972, seguindo a carreira como pintor e docente. Desde 1972 é docente da na École Nationale Supérieure d’Architecture de Grenoble e em 1986 cria e coordena o laboratório "Desenho e Canteiro" na mesma instituição. Permanece ligado à instituição até 2002.

Redação da ficha: Ana Paula Koury, Aline Brunhara Maia, Monique Stabile, Priscila Soares.
Data da ficha: julho de 2019

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